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Uso de telas e saúde mental infantil


Vivemos em uma era em que as telas fazem parte da rotina diária desde os primeiros anos de vida. Celulares, tablets, computadores e televisões estão por toda parte, e muitas vezes são usados como aliados na distração, no aprendizado ou na rotina das crianças. No entanto, o que pode parecer inofensivo ou até educativo, quando usado em excesso, pode gerar consequências significativas para a saúde mental infantil.


Pesquisas recentes têm chamado a atenção para os impactos do uso prolongado de dispositivos eletrônicos no bem-estar emocional e comportamental das crianças. Um estudo feito no Programa de Pós-graduação em Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da UFMG apontou que o uso excessivo de telas está associado à piora da saúde mental dos usuários, independentemente da idade. Embora o estudo tenha revelado de forma surpreendente a presença de nomofobia — o medo de ficar longe do celular — inclusive entre idosos, os dados que envolvem crianças são particularmente alarmantes.

Considerando apenas os estudos voltados para o público infantil, 72% identificaram aumento de sintomas de depressão relacionados à exposição abusiva às telas. A pesquisa também apontou a diminuição do quociente de inteligência (QI) pelo uso exagerado de telas entre as crianças.

Esse dado é ainda mais preocupante quando se observa que, quanto maior o tempo de tela, menor é a interação das crianças com os pais e cuidadores. Um estudo recente publicado no JAMA Pediatrics por pesquisadores australianos demonstrou que o uso frequente de dispositivos por crianças pequenas reduz significativamente a troca de palavras e interações com os adultos.


Essa redução de diálogo interfere diretamente no desenvolvimento emocional, social e linguístico, já que a comunicação com os pais é uma das principais ferramentas para que a criança aprenda a lidar com as próprias emoções, desenvolver empatia e construir vínculos seguros. O resultado é um ciclo silencioso, mas nocivo: crianças que interagem menos, tendem a expressar menos o que sentem, o que pode levar ao isolamento, à irritabilidade e até a quadros de ansiedade e depressão.


Além disso, a exposição constante à luz azul das telas, especialmente durante a noite, compromete a produção natural de melatonina, o hormônio responsável pelo sono. Isso pode causar dificuldades para adormecer, sono agitado e despertares noturnos, o que impacta não apenas o humor e a concentração da criança, mas também sua regulação emocional ao longo do dia. Crianças mais cansadas e menos descansadas tendem a reagir com mais impulsividade, frustração e desânimo.


Diante desse cenário, é fundamental que os pais e responsáveis repensem a forma como a tecnologia está inserida na rotina infantil. A proposta não é excluir as telas da vida das crianças, mas usá-las com equilíbrio, presença e intenção. Limitar o tempo de uso, priorizar momentos de interação sem dispositivos e oferecer alternativas de brincadeiras livres, leituras e contato com a natureza são atitudes simples, mas que fazem enorme diferença na construção de uma infância mais saudável, conectada — não com aparelhos —, mas com os vínculos que realmente importam.


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